domingo, 7 de agosto de 2011

O Sordido





 











Tão vazio de qualquer amor pelo seu jardim
Visando com excesso, exclusivamente,
A obsessão confundida com imenso amor.
                 
Tão pura flor!
Que tão diferentemente,
Sentiu o verdadeiro sabor do amor.
                 
Quando botão,
Olhada pelo seu cuidador;
Quando flor, tocada pelo amor;
Dava-lhe água;
O sol lhe fez bem;
Mas a água lhe faltava quando mais precisava;
Ninguém se alimenta só de cactos ou de favas.

Nuvens escuras assustam a linda flor,
A flor tão grata lhe dá um jardim,
Com recompensa tão ingrata,
Assim nem dada.

Seu jardim de flores tão belas,
Girassóis amarelos,
Profunda raiz,
Pequena semente,
Fruto grande,
Mesmo ainda pequeno
E não maduro,
Mas com tão lindo futuro.

                     Em uma insuportável indagação,
Virou sórdida toda a criação da flor,
Deixando sepultada toda a alegria do botão a aflorar,
Quando havia ainda o ato de amar.

Ele indaga a flor.
Ela responde: o que houve amor?
De remorso ele corre;
Com a esperança de não encontrá-la acabada.

Ao fim da chuva só havia lágrimas e lama.
Calada,
Sufocada,
Afogada em lagrimas,
Com sua luz do sol que há no girassol, apagada.

Morre a flor!
A flor do jardim do amor,
Que após a última lágrima cair no chão já seco,
Deixa, no peito vazio do sórdido, preenchido pelo jardim,
A imensa dor de perder um grande amor.
                                                                                                                
 ·Crônica do filma “Dom”, baseado no livro “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. ·

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